Melhorando a
produtividade.
O que é que
eu tenho a ver com isso?
Por Cristian
Welsh Miguens – 18 de janeiro de 2016
Parece que
melhorar a produtividade é tarefa de economistas e do governo. O empresário
fala apenas em eficácia e eficiência (usa os dois termos como se fossem
sinônimos e também como sinônimos de produtividade). Basicamente está
preocupado em ganhar dinheiro.
Vamos
entender:
- Eficiência: executar uma tarefa de
forma correta (fazer bem feito);
- Eficácia: executar as tarefas necessárias
(fazer o que deve ser feito);
- Produtividade: Eficiência + Eficácia
è conseguir mais e melhores resultados
usando a menor quantidade de recursos possíveis
Produtividade então tem a ver com produzir e entregar aos
clientes produtos e/ou serviços usando a menor quantidade de recursos possíveis
e ainda ter lucro. Se você não prestou muita atenção pode concluir que então produtividade
é redução de custos ...... É muito mais que isso !!!!!
Em primeiro lugar vamos abordar a questão da necessidade de estabelecermos
o significado de algumas palavras que usamos diariamente sem refletir
profundamente se os nossos interlocutores, alvo da nossa comunicação, também
dão o mesmo significado a tais palavras. No artigo
“Call for Clarity – Why is there no Standardization of Terms in
Managerial Sciences?”, Dwight Mihalicz, da Consultoria Effective Managers do
Canadá (http://www.effectivemanagers.com/dwight-mihalicz/the-lack-of-standardized-terms-in-managerial-sciences/ ), nos faz refletir sobre esta questão. Conforme
Dwight, termos e palavras que deveriam ser usados de forma uniforme permeando
as organizações não possuem um significado padronizado, sendo inclusive
trocados como se fossem sinônimos. Esta falta de padronização é uma questão
relevante na medida em que dificulta a troca de ideias, sem falar na
dificuldade decorrente para a resolução de problemas.
Digamos que fosse um “chef” e que eu desejasse replicar uma
receita de outro “chef”. Se não tivesse algum padrão quanto ao que significa
uma colher de sopa, uma colher de chá, uma xícara de chá ou 100 gramas, como é
que eu conseguiria replicar a receita? A padronização de termos e de medidas é
de importância crítica tanto na cozinha, em engenharia, em medicina e em
qualquer outra profissão, entretanto, em administração e gestão simplesmente
não existe.
Em segundo
lugar vamos a analisar a relevância do conceito de produtividade sob o aspecto
macroeconômico. Pensem nas condições de vida 10.000 anos atrás, 2.000 anos
atrás, 200 anos atrás, 50 anos atrás e hoje. Sem dúvida temos tido progresso,
ou seja, as condições de vida são melhores hoje do que em qualquer momento passado.
Mesmo com a população crescendo, ou seja, mesmo tendo que produzir produtos e
serviços para mais gente, as condições de vida melhoraram. Isto é o que eu
chamo de “geração de riqueza”. Hoje em dia se medirmos a quantidade de produtos
e serviços produzidos e consumidos por unidade (por cada pessoa, em média) ela
é infinitamente maior do que era 200, 500, 2.000 anos atrás. A sociedade tem
conseguido gerar riqueza usando melhor para tanto, os recursos a sua disposição,
ou seja, melhorando a produtividade. Em outras palavras, só é possível gerar
riqueza, gerando progresso, quando melhoramos a produtividade.
É por isso
que preocupa tanto aos economistas a estagnação da produtividade brasileira nos
últimos anos. A única forma de garantirmos progresso e melhores condições de
vida futura é melhorando a produtividade.
Em terceiro
lugar devemos encontrar uma forma de medir a produtividade. Por que medir?
Quando não temos medição ficam difíceis o diagnóstico e a tomada de decisão
para a ação. E qual é a necessidade de precisão da medição? Isto depende do que
esteja sendo medido, mas posso dizer que há dois tipos de informação de
interesse em qualquer medição: a) a medida absoluta e; b) a evolução e a
tendência da medição ao longo do tempo. A primeira é típica das variáveis
medidas em engenharia, em laboratórios, em aplicações técnicas em geral. A
segunda é sempre importante, pois é através do acompanhamento da evolução da
medição que concluímos se há melhorias ou não, se as ações que adotamos estão
levando ao resultado esperado. Neste segundo caso, a precisão da medição muitas
vezes é menos importante do que a possibilidade de vislumbrarmos a evolução ao
longo do tempo.
Os
empresários adotam diversos indicadores para medir produtividade, mesmo que não
chamem estes indicadores de “produtividade”. Em geral poderemos adotar como
indicador de produtividade qualquer um que relacione o resultado obtido com a
quantidade de recursos usados. Para nosso propósito, deveríamos relacionar a
riqueza gerada e a população economicamente ativa.
Em quarto e
último lugar temos que analisar como podemos contribuir para melhorar a produtividade
em nossa sociedade, ou seja, devemos responder à pergunta que é o título e
objeto deste artigo. Como melhora a produtividade? As melhorias de produtividade
são decorrentes da ação tomada por aqueles indivíduos e organizações na
sociedade que tem a responsabilidade de produzir e entregar para o consumo bens
e serviços. Portanto, se você for empresário, você é responsável por melhorar a
produtividade da sociedade, fazendo com que a sua empresa melhore a própria
produtividade. Quer dizer que da próxima vez que você ler um jornal ou revista
falando da baixa produtividade do Brasil, não pense que não tem nada a ver com
isso, tem tudo a ver com isso.
Governos, na
sua ação administrativa e de regulamentação, não geram melhorias de
produtividade visto que não estão exercendo qualquer atividade produtiva.
Entretanto, indiretamente, ao interferir com a eficácia dos instrumentos que
eles definem para orientar a atividade produtiva e a convivência em sociedade
de pessoas e organizações, criam as condições que podem definir os rumos da
evolução da produtividade, tanto para melhor como para pior.
Os
empresários por sua vez (incluindo as ações produtivas dos governos, seja na
prestação de serviços ou por meio das empresas estatais) avaliam o seu próprio
desempenho apenas pela geração ou não de lucros. Visto que é possível auferir
lucros sem melhorar a produtividade, quando isso acontece esquecem que eles,
empresários, e as organizações comandadas por eles, são o instrumento essencial
de geração de riqueza da sociedade, e então deixam de investir as suas energias
nas melhorias de produtividade, limitando as suas ações de gestão à procura de
meios que lhes permitam ganhar mais dinheiro, mesmo que estas não melhorem a
produtividade. Isto explica porque sindicatos patronais e de trabalhadores
concentram os seus esforços em fazer
lobby junto a governos e legisladores para obterem privilégios, na forma de
proteção (eles chamam de “incentivos”) contra aqueles que eventualmente
poderiam oferecer os mesmos produtos e serviços com melhor produtividade. Vemos
então como se continuarmos a dar curso à outorga de privilégios desta forma,
não há qualquer incentivo para melhorar de forma continuada a produtividade.
Sem dúvida
que o conceito de produtividade e o de competitividade estão relacionados, mas
isto será tema de outro artigo.
Por enquanto
gostaria de enfatizar mais uma vez que é responsabilidade essencial do setor
produtivo nacional (organizações que produzem e entregam produtos e serviços à
sociedade) melhorar de forma contínua a sua própria produtividade como meio
mais eficiente e eficaz de promover o progresso econômico e social. Esta é a
sua missão numa economia capitalista. A obtenção de lucro deveria ser apenas
uma consequência deste trabalho, significando que a sociedade lhe está
premiando por um trabalho bem feito.
Este e outros assuntos de interesse são abordados sob o ponto de vista de como um Consultor pode auxiliar os empresários no Curso de Desenvolvimento de Consultores de Organização do IBCO www.ibco.org.br .