quarta-feira, 20 de julho de 2016

O papel e a contribuição da Consultoria de Organização para com os esforços de melhoria de competitividade no Brasil

O papel e a contribuição da Consultoria de Organização para com os esforços de melhoria de competitividade no Brasil
Por Cristian Welsh Miguens – https://criswelmig.blogspot.com – 20 de julho de 2016.

Este artigo pretende argumentar de que forma consultores de organização profissionais poderiam contribuir de forma sistematizada para difundir e implementar ações que gerem melhoria da competitividade de empresas Brasileiras, influenciando mudanças de atitudes na sociedade.


§  Percepção do cliente e do consultor
Você decide comprar alguma coisa sem saber o que está comprando? A não ser que você tenha algum tipo de distúrbio, a resposta deve ser não. E se mudarmos a pergunta?
Você já decidiu comprar alguma coisa e depois se arrependeu? É bem provável que a resposta seja sim. Por que isso aconteceu? Entre todas as respostas possíveis a maior parte delas deve ser: porque o que recebi não era bem o que eu esperava receber. A pergunta lógica que deve ser feita a seguir é: por que isso aconteceu? As respostas aqui devem ser bem mais variadas mas, receio, quase todas elas impõem a responsabilidade pela decisão errada a quem forneceu o produto ou o serviço e não a si mesmo.
A pergunta provocadora: será que você especificou corretamente o que desejava antes da compra?
Toda esta introdução é relevante para tratarmos do assunto deste artigo: a contratação de serviços de consultoria*1. Boa parte dos empresários ficam insatisfeitos com os serviços de consultoria recebidos. Constatamos que as percepções do cliente e do consultor quanto ao que a consultoria deveria entregar são divergentes. Mais ainda, em geral, cliente e consultor não chegam a um acordo sobre qual é o papel de cada um nesse relacionamento.
§  O que é Consultoria de Organização?
A palavra consultoria tem um certo charme. Não fosse assim, não estariam proliferando as diferentes categorias de “consultores” que estão aparecendo (consultor de imóveis, consultor de seguros, consultor de beleza). Todas estas categorias, e também os consultores de organização, atendem à definição que achamos no wikipedia: consultoria é a atividade profissional de diagnóstico e formulação de soluções acerca de um assunto ou especialidade. Portanto, quando contrato um consultor tenho um problema (caso contrário não precisaria de um diagnóstico è descoberta das verdadeiras causas do problema) que deve encontrar uma solução para este problema.
Esta definição não estabelece os tipos de problema que o consultor é capaz de resolver nem o escopo (os limites para a ação) do consultor. Portanto recorreremos à definição do IBCO sobre o que é consultoria de organização, destacando seus quatro elementos:
o fornecimento de  assistência e aconselhamento independente
atinentes à estrutura, ao funcionamento e à administração de organizações
indicando métodos e soluções a serem adotados
e a criação de condições para a sua implantação

Em resumo, se a maior parte dos empresários que já contrataram consultoria tivessem refletido previamente nesta definição, ou não teriam contratado a consultoria ou não teriam chamado esta contratação de consultoria consequentemente alterando os termos do contrato para que refletisse melhor a natureza de tal contrato assim como as expectativas quanto ao resultado do serviço.
Também pode-se concluir que ser um especialista em algum assunto não habilita para ser um bom consultor entretanto, um bom consultor precisa ser um bom especialista na questão para a qual está sendo contratado. Ser um especialista é condição necessária mas não suficiente.
§  Quais as competências de um bom Consultor de Organização?
Qualquer um que deseje contratar serviços profissionais de qualquer natureza, independentemente de saber por que deseja contratar este profissional, deve refletir seriamente sobre as competências desejadas neste profissional. Caso contrário, não conseguirá especificar o serviço que deseja contratar.
O ICMCI – The International Council of Management Consulting Institutes (www.icmci.com), representado no Brasil pelo IBCO – Instituto Brasileiro dos Consultores de Organização (www.ibco.org.br), desenvolveu um Modelo de Competências do Consultor de Organização profissional. Da análise destas se desprende que o consultor profissional precisa desenvolver competências específicas em consultoria de organização, além das necessárias para tornar-se especialista em alguma questão relacionada com a gestão da organização. Boa parte destas decorre de dois fatos: a) consultoria necessariamente envolve mudanças na organização “cliente”; b) o consultor de organização não têm poder de decisão na organização cliente; o sucesso ou insucesso da consultoria dependerá da capacidade de influência e da capacidade de organizar, junto com o cliente, os recursos necessários para que a mudança aconteça.
O desenvolvimento de padrões (standards) para a atividade de consultoria de organização é preocupação e interesse básico das organizações mencionadas acima. O resultado deste esforço são o processo de certificação internacional de consultores CMC – Certified Mangement Consultant, a norma Europeia EN16114 e a norma ISO20700, já em fase de aprovação até final de 2016 (http://www.iso.org/iso/iso_20700_-_management_consultancy_-_briefing_notes.pdf). São normas de orientação quanto à condução de um projeto de consultoria, tanto para os próprios consultores de organização quanto para os clientes de consultoria.
§  Qual a contribuição da Consultoria para melhorar a competitividade?
Estamos falando de negócios, competição e competitividade no mundo dos negócios. Neste mundo a competição se dá entre empresas. Qual é a disputa neste ambiente? A disputa é pela preferência dos potenciais compradores pelos produtos e serviços oferecidos pela organização. Esta disputa se dá em vários níveis, mas neste artigo abordaremos apenas o primeiro.
A empresa deve ser capaz de produzir e entregar o produto ou serviço em condições tais que lhe permitam sobreviver. Isto é condição necessária, mas não suficiente. Mais do que um dos níveis da disputa, se trata de um atributo necessário. Sem ele, a empresa morre. É aqui onde o empresário deve usar todas as suas competências de gestão e administração. Se não tiver estas competências, deve procurar ajuda.
Estudos diversos e a própria mídia de negócios destacam com frequência a baixa qualidade da gestão das empresas no Brasil, especialmente nas pequenas e médias empresas nacionais (PMEs), que apresentam problemas elementares de administração. Isto fica ainda mais evidenciado quando se observa que a produtividade no Brasil está estagnada e que o “gap” de desempenho e competitividade com as melhores empresas do mundo aumenta sistematicamente, especialmente nos últimos dez anos. Vejo a consultoria de organização como um dos instrumentos que permitiria reverter este quadro.
Um consultor de organização profissional, devidamente qualificado, fornece: a) uma visão externa (desprovida de preconceitos com relação ao que acontece diariamente dentro da organização); b) experiência e especialização técnica; c) isenção e neutralidade; d) atenção concentrada à solução do problema; e) conhecimento novo.
Peter Drucker disse: “A gestão é uma pratica, não é uma ciência ou uma arte, pois ela aprende-se sintetizando a experiência em conhecimento. O conhecimento de gestão avança testando conceitos em “cases” e o consultor de organização é o único que emerge em profundidade e diversidade de “cases” oferecendo ainda um distanciamento da situação em que atua.”
A realidade demonstra que a indústria de consultoria local, com exceções, parece ter sido incapaz de fornecer serviços em qualidade e quantidade suficientes para gerar impacto nesses setores. Boa parte deste resultado se deve à falta de profissionalismo daqueles que se apresentam como consultores de organização e à incapacidade, por desconhecimento do empresário de como especificar os serviços e consultoria, levando-o a contratar tais serviços de forma inadequada, gerando expectativas que geralmente não ficam devidamente atendidas. Está na hora de mudar.

Acesse também www.portalcompetitividade.com
Acesse também www.ibco.org.br

*1 - veja artigo de 2013 no meu blog – “A Consultoria de Organização é uma Profissão” - https://criswelmig.blogspot.com.br/search?updated-min=2013-01-01T00:00:00-08:00&updated-max=2014-01-01T00:00:00-08:00&max-results=1 )


sexta-feira, 8 de julho de 2016

Lutando com a Mudança de Cultura na sua Organização?

Lutando com a Mudança de Cultura na sua Organização?
Dwight Mihalicz, 28 de Setembro, 2015 (tradução livre de Cristian Welsh Miguens)
As organizações com frequência ficam desapontadas com a execução da estratégia ao perceber que não atende às expectativas. Invariavelmente se geram discussões que aponta para questões relacionadas com a cultura, como em: "Precisamos mudar nossa cultura". Você se encontra nesta posição?
Se for assim tome muito cuidado!
O que significa mudar a cultura de uma organização? Comecemos esclarecendo: o que é Cultura Organizacional?
Há abundante material na literatura em Ciências da Administração com definições de cultura organizacional. Confira a do Wikipedia: Cultura Organizacional é o comportamento dos seres humanos em uma organização e o significado atribuído pelas pessoas a tais comportamentos. Embora seja uma bela definição, para nosso propósito ela não ajuda muito. Para mim, ter uma cultura organizacional adequada permite que os colaboradores compartilhem um certo estado de consciência para que estejam alinhados para atingir um objetivo comum. Temos o elemento comportamento, mas, também deve existir um elemento referente à obtenção de resultados.
A próxima pergunta que devemos considerar é: o que é execução da estratégia?
A resposta não é a mesma? Ter colaboradores compartilhando um certo estado de consciência para que estejam alinhados para atingir um objetivo comum? Estou ciente que existem definições mais detalhadas envolvendo processos multitarefa de execução da estratégia. Mas conforme o cerne da nossa definição, na visão do CEO e do Conselho de Administração, o que se deseja é que todos na organização estejam alinhados, que ajam em sincronia; tomar decisões e iniciativas de forma consistente com a execução da estratégia da organização.
Eu entendo que exista apenas uma forma de atingirmos tal situação. A organização deve possuir em pleno funcionamento um sistema de liderança gerencial. Começando com o CEO e em diante, cada um dos gerentes deve gerir, administrar. A gestão inclui planejar, decidir quais as tarefas de valor agregado que só ele, como gerente, pode fazer, definir o contexto para os seus gerentes subordinados, delegar tarefas que possam ser claramente delegadas, com definição de prazos de execução e estabelecendo mecanismos e ciclos robustos de feedback. Se todos os gerentes estiverem desempenhando-se em conformidade com esta consistente estrutura, muitos problemas desapareceriam:
1.    Todo indivíduo na organização saberia quais as tarefas e ações pelas quais ele é responsável, qual o seu respectivo grau de autoridade e os recursos a sua disposição para executá-las;
2.    Todo individuo na organização compreenderia como os próprios resultados contribuem com as diretrizes estratégicas;
3.    A comunicação estaria bem dimensionada fornecendo as informações necessárias, no momento certo, para que elas de fato contribuam;
4.    Os “feudos” desapareceriam na medida em que todos compreenderiam os limites de responsabilidade sobre os resultados que cada um deve atingir e como se relacionam uns com os outros;
5.    Todos e cada um dos colaboradores recebe feedback consistente com relação aos seus resultados e aos meios empregados para atingi-los.
Quando uma organização consegue isto ela não precisará preocupar-se em alterar a sua cultura – ela terá criado a cultura adequada para alcançar a sua estratégia dentro do seu próprio ambiente. Como? Ao fazer com que cada gerente trabalhe conforme o contexto definido pelo seu superior, a partir do CEO e em diante até a linha de frente.

Parece fácil, não é? Evidentemente não é. Ao concentrar os esforços sobre o sistema de liderança gerencial, poderá ser provocada uma mudança fundamental e sustentável. Evite alocar recursos em iniciativas tradicionalmente politicamente corretas, que atraem a atenção, tais como cultura, comunicação, construção de equipes, treinamento de liderança e afins. Todas estas iniciativas desviam a atenção e impedem defrontar-se abertamente com um sistema de liderança gerencial inadequado. Ataque a causa raiz certificando-se que os gerentes estejam atuando dentro de uma estrutura centrada nos resultados da organização. Quando esta condição esteja realmente vigorando, aplique treinamento. Ficará surpreso em quão pouco mais você vai precisar fazer. 

Sócio Diretor da IRON Consultoria